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Ansiedade: a vida roubada

  • Foto do escritor: Nora Rabinovich
    Nora Rabinovich
  • 21 de jan. de 2021
  • 3 min de leitura

“A ansiedade, quando joga contra, te impede de aproveitar a vida. Enquanto o corpo está no presente, a mente vive excessivamente no futuro”


A ansiedade tem um aspecto positivo?

Tem um lado bom quando se trata de uma sensação normal, de um mecanismo adaptativo que permite reconhecer, enfrentar ou evitar perigos.

Quando se apresenta na sua forma sadia, serve para lidar com situações de risco e, nesse sentido, nos protege.

Pode anteceder eventos importantes, exames difíceis, entrevistas de emprego, cumprimento de prazos, compromissos sociais ou viagens.

Desde o nascimento, o bebê humano se enfrenta a um mundo desconhecido. Todos nós já fomos seres vulneráveis precisando de cuidados físicos e emocionais para dar continuidade à vida.

A "ansiedade boa", desde o início da existência, nos prepara para enfrentar o que não conhecemos, nos permite estar atentos e concentrados no que está por vir.


Como reconhecer quando a ansiedade não é normal

A ansiedade não é boa quando se caracteriza pela inquietação, insegurança e preocupação excessiva em relação a situações futuras no curto, médio ou longo prazo.

Neste caso, são frequentes sintomas como estresse, sono alterado, imaginação de situações e possibilidades negativas.

A ansiedade patológica se apresenta de forma reiterada diante de fatos sem importância. É uma manifestação intensa e desproporcional, que pode ser acompanhada pela angústia com sensações desagradáveis e sintomas físicos.

A sensação de segurança também pode ser abalada quando a pessoa tem medo exagerado de que algo ruim aconteça a ela mesma ou às pessoas queridas.


Como diferenciar ansiedade e angústia?

Na angústia predominam as manifestações físicas: aperto no peito, falta de ar, taquicardia, tremores, sudorese, instabilidade no equilíbrio corporal e distúrbios digestivos.

Também pode progredir aliando-se a outras emoções: medo, pensamentos obsessivos ou mesmo transtornos tais como a fobia e o pânico.

Os sintomas não são imaginários, são intensos, reais e não se refletem nos exames físicos.


Como surge a ansiedade?

É consequência de três fatores:

1. Aspectos hereditários

2. Experiências infantis (pais ansiosos, carências afetivas, abusos, violência, desamparo e abandono, entre outros).

As vivências da infância são um fator preponderante porque acontecem quando a personalidade está sendo formada.

3. Acontecimentos atuais que desencadeiam lembranças conscientes ou memórias inconscientes das experiências traumáticas do passado, as quais podem estender-se ao presente e permanecer no tempo.

A incerteza, sempre relacionada a questões presentes ou mesmo futuras, é uma das causas mais frequentes da ansiedade e não depende tanto da magnitude das questões, mas da maneira como as encaramos.


Por que as pessoas reagem de forma diferente diante de situações semelhantes?

A intensidade e a forma como se conectam os três fatores citados (aspectos hereditários, experiências infantis e situações atuais) nos ajuda a compreender se a ansiedade será normal ou patológica. Estes fatores também explicam por que cada um de nós responde de forma diferente às situações de risco.


A ansiedade na pandemia

Os efeitos da ansiedade no cotidiano foram percebidos de forma muito mais intensa a partir das consequências da Covid-19.

A necessidade do distanciamento físico, o confinamento, as pessoas queridas ou conhecidas que adoeceram, e outras que infelizmente não superaram a doença, foram aspectos que intensificaram a insegurança e o sentimento de vulnerabilidade.

A esfera social também foi muito atingida. Embora a convivência possa ser uma oportunidade para desenvolver e melhorar as relações, também pode despertar conflitos anteriormente latentes nos vínculos.

Por outro lado, o aspecto laboral foi severamente afetado: trabalhadores que passaram longos períodos em home office, outros que precisaram se expor a situações de risco, diminuição salarial ou perda do emprego, aumentaram muito os casos de transtornos de ansiedade generalizada (TAG).

Mesmo com a possibilidade e proximidade das vacinas (o que pode mudar o quadro social em pouco tempo), a necessidade de voltar ao convívio e ao trabalho fora da nossa “bolha” cotidiana durante o confinamento, já está antecipando em algumas pessoas o receio da proximidade com outros.

Em síntese, é a ansiedade que nos impede de refletir e não nos permite suportar ou encontrar alternativas para o que está além de nosso controle.


A psicoterapia como ferramenta para dominar a ansiedade

Do ponto de vista psicológico, identificar as causas da ansiedade e compreender os padrões de pensamento e os comportamentos posteriores, permite entender e elaborar os motivos que a sustentam.

Esta compreensão é fundamental para o alívio ou desaparecimento da ansiedade, permitindo-nos retornar à vida de uma forma mais satisfatória.

Quando a ansiedade que não nos faz bem é encarada com negligência, ou naturalizada como sendo parte constitutiva da vida, a tendência é que ela limite possibilidades: ter experiências e vivências que poderiam nos enriquecer e desenvolver.

É justamente nesse ponto que um acompanhamento profissional qualificado faz toda a diferença.

O que você pode fazer para melhorar a sua qualidade de vida depende, em grande parte, de uma decisão sua.

Por que ser refém de si mesmo, se pode ser protagonista das suas escolhas?

 
 
 

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1 comentario


mjleibo
28 ene 2021

Excelente artigo sobre ansiedade, gostei!

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